domingo, 23 de dezembro de 2007

Mais confissões sobre o dopping no esporte de alto rendimento!



São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007
ATLETISMO

Marion Jones seguia "cartilha dopante", diz Justiça dos EUA
DA REPORTAGEM LOCAL

A velocista norte-americana Marion Jones usou drogas variadas e com mais freqüência do que admitiu à Justiça de seu país. A revelação é de uma corte de Nova York, que divulgou documentos do escândalo de doping que envolveu a atleta.
Segundo os papéis, ela tomava substâncias proibidas "com propósito orientado e planejado a eventos futuros". A atleta admitiu ter usado o hormônio THG entre 2000 e 2001 e, por isso, perdeu as cinco medalhas (três de ouro) dos Jogos de Sydney-00.
As novas provas indicam que Jones fez uso também da substância ilegal EPO. Um calendário apreendido registra aplicações de doses da droga a diversos atletas.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Cuidados que devemos ter para festar!



Festas não são lugar para corpo mole

Leia como o organismo tenta se proteger de sexo, drogas e brigas

Leif Ansol

Da New Scientist

O desenrolar de uma festa pode envolver desde a ingestão a lesões físicas.

Apesar de serem evento que podem facilmente sentidos, muitas informações a respeito deles passam despercebidas, dentro do organismo.

O texto abaixo revela em detalhes, o que ocorre dentro do corpo de uma pessoa durante uma enxurrada de sensações festivas.

23h05: Ouvidos não detectam nenhum som saindo de trás da porta. Hormônios de estresse secretados. Cancelados:visão detecta um outro casaco pendurado no hall.

23h10: Relatórios de sabor – salgado. Relatório de textura – arenoso. Nervo pneumogástrico: avisar estômago da chegada iminente de amendoins, em cerca de seis segundos. Estômago: esguichar ácidos e pepsina; secretar gastrina.

23h15: Mudança de padrão do fluxo sanguíneo cerebral. Ligados o circuito de conversa sobre amenidades, aberto banco de dados da memória, seção livros e filmes.

23h20: Sistema visual envia aviso: prevista exposição a álcool a qualquer momento. Boca se franze, esôfago reduz temperatura, estômago se agita. Avisar fígado que está na hora de começar a desintoxicação.

23h30: Bate-papo começa a secar. Reabrir bancos de dados da memória, selecionar recordações das férias, anedota nº 3. Não – aquela não. Tarde demais – enviar sangue às bochechas, ligar glândulas sudoríparas, contrair músculos zigomáticos emostrar sorriso constrangido. Surge sede repentina.

0h05: Hipotálamo notifica aumento da temperatura corpórea. Reduzir isolamento térmico antes de glândulas sudoríparas entrarem em ação novamente.

0h20: Rápido exame visual detecta pizza... cogumelos fritos... pão com queijo...salsichas frias... maionese de batatas. Aumentar fluxo de saliva para 5mililitros por minuto. Acionar programa de engolir. Despertar vesícula biliar, colocar pâncreas emprimeira. Duplicar fluxo sanguíneo em direção aos intestinos.

0h45: Entra mensagem vinda do duodeno: ataque de gorduras. De novo: ataque de gorduras. Avisar ao estômago: desaceleras. Ligar todos os sistemas de enzimas digestivas no máximo.

1h05: Nível alcoólico no sangue ainda subindo. Estômago sente dificuldade. Receptores elásticos na parede da bexiga se queixando.

1h10: Ouvidos detectam aumento súbito de intensidade sonora. Aumentar ritmo cardíaco. Dilatar pequenas artérias nos músculos dos braços e pernas e os suprir de sangue. Receptores nas articulações relatam ondas de movimentos rítmicos e espasmódicos. Pressão sanguínea em ascensão. Medula instrui pulmões para funcionarem mais rapidamente. Temperatura em ascensão, de novo.

1h30: Ritmo cardíaco ainda está em 130 batidas por minutos, consumo energético a 7,5 kilocalorias por minuto. O que normalmente acontece a essahora da noite? Consultar ritmo circadiano. Chocolate quente e chinelos? Esqueça. Ligar sensação Mick Jagger.

2h10: A música está ficando mais lenta, graças a Deus. Receptores táteis confirmam contato com objeto macio e quente. Nervo facial: fechar pálpebras. Nervo da espinha dorsal: Organizar movimentos amorosos de braços.

2h11: Receptores de dor emitem sinal dilatarvasos sanguíneos na bochecha esquerda. Pode-se prever um pouco de dor.

2h20: Enviar aviso a estômago: vinho tinto e frango “tandoori” previsto para chegarem a qualquer momento. Inchaço notificado no quadrante abdominal direito inferior. Flatulência surgindo.

2h45: Receptores químicos reportam cheiro estranho. Checar axilas. Visão relata grande cigarro passando de mão em mão pela sala. Centros éticos no córtex não reagem – todas as linhasestão cortadas. Avisar sistema respiratório para não inalar. Ignorar receptores de equilíbrio – a sala não está se mexendo de verdade.

3h03: Concretizando o contato visual mútuo prolongado. Dilatar pupilas. Aproximação. Córtex: ligar programa sedução.

3h10: Receptores táteis nos lábios e na língua operando em carga máxima. Ritmo cardíaco e pressão sanguínea em ascensão.

3h15: Chegam relatórios interinos do sistema imunológico: grande derramamento de bactérias incomuns detectado no estômago. Contaminação viral reportada na boca.

3h30: Músculo bucinador e orbiculares dão sinais de cansaço. Receptores táteis no couro cabeludo e orelhas estão ativos.

3h35: Alerta máximo: grande corpo musculoso com punhos erguidos se aproxima. Levantar rápido. Liberar adrenalina. Aumentar ritmo cardíaco. Projetar o próprio punho. Receptores táteis nas articulações dos dedos relatam contato com fileira dupla de objetos duros e afiados. Dizer “ai!”. Correr para o banheiro.

3h36: Rompimento de pele. Mobilizar sistema de coagulação sanguínea na mão direita. Sistema imunológico relata invasão de bactérias bucais no setor das articulações da mão. Iniciar reação inflamatória.

4h00: Ouvidos reportam redução do barulho de fundo. Deixar glândulas de plantão. Nível de cafeína no sangue em ascensão. Religar córtex cerebral. Ativar programa de conversa séria. Procura nos arquivos os tópicos solução dos problemas mundiais, diferenças entre homens e mulheres, existência ou não de Deus.

À medida que a noite avança nosso festeiro mergulha em torpor alcoólico refletindo sobre o significado da vida. Mas nas profundezas de seu corpo os excessos vividos durante a festa exercem seus efeitos negativos.

Ele expôs seu sistema digestivo a uma enxurrada de comida e bebida sem respeitar seus limites.

Foi penetrado por uma exótica coleção de micróbios, vindos da comida, dos beijos e do soco que deu na boca de seu agressor. Suamão está cortada, seu rosto inchado e com hematomas.

Ele submeteu seus sistemas muscular e cardiovascular a uma canseira generalizada e ficou extremamente desidratado.

Mas, apesar de tudo, está feliz.

Tradução de Clara Allain

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Invasão de privacidade diminui o medo do desconhecido?



São Paulo, quarta-feira, 06 de dezembro de 2006

CARLOS HEITOR CONY

Tempos modernos

RIO DE JANEIRO - A direção de um colégio mandou instalar câmeras de TV nos banheiros do estabelecimento. O motivo seria o de impedir atos de vandalismo, muito comuns em escolas, aeroportos, cinemas e outros locais públicos. De quebra, amplia a fiscalização do uso de drogas e atos ditos indecorosos.
Ao ler a notícia, lembrei uma das obras-primas de Chaplin, "Tempos Modernos", de 1936, em que o operário estressado na esteira de produção, apertando parafusos, vai ao banheiro para interromper por alguns minutos a vertiginosa loucura da fábrica. Passados alguns segundos, aparece na parede do banheiro, numa tela de TV do tamanho de uma tela de cinema, nada menos do que o gerente, que ordena ao operário a volta imediata ao trabalho.
Chaplin preconizou o "Big Brother" de George Orwell, mostrando que, nos tempos modernos, a privacidade de todos nós seria invadida pela tecnologia e pelos interesses da produção política, cultural, econômica e industrial.
Não apenas nas fábricas e escolas está havendo a invasão da privacidade. Em nome da segurança, lojas, bancos, edifícios de apartamentos estão sendo monitorados pelo olhar eletrônico de câmeras sofisticadas, que, em alguns casos, ajudam a identificar criminosos e suspeitos.
No fundo, é um problema de custo e beneficio. Para termos um pouco mais de segurança e de respeito aos bens públicos, somos obrigados a aceitar a invasão de um pedaço de nossa intimidade.
Em breve, ao nascer, uma criança terá enxertado em seu pequenino corpo um chip que controlará, via satélite, todos os movimentos que ela fizer até o fim de sua vida. E não apenas os movimentos, mas os pensamentos, as dúvidas, os recalques e as intenções. A humanidade será robotizada em nome da eficiência e da segurança. Não há dúvida: vivemos tempos modernos.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0612200605.htm

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Marobomba



Folha de São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000
SAÚDE
Conclusão faz parte de estudo que seria o primeiro no Brasil a associar o uso de anabolizantes à dependência psíquica
Anabolizante leva a internação psiquiátrica
KARLA MONTEIRO - DA REPORTAGEM LOCAL

A busca dos músculos esculpidos à base de remédios está levando jovens de aparência saudável aos consultórios psiquiátricos e clínicas de tratamento de viciados em drogas. É o que mostra o estudo "Esteróides anabolizantes: nova droga de abuso?", coordenado pela psiquiatra Magda Waissman, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da Universidade Estácio de Sá.
Concluída este ano, a pesquisa analisa o caso de seis jovens -quatro brasileiros e dois norte-americanos- que recorreram a internações em clínicas para se livrarem das "bombas", apelido dos hormônios masculinos produzidos em laboratórios que rendem aos adeptos de exercícios físicos força, velocidade, resistência e muita massa muscular.
Apesar de restrito somente a seis casos, o trabalho, segundo especialistas, tem um mérito incontestável: é o primeiro no Brasil a associar o uso de anabolizantes à dependência psíquica, enquanto os danos físicos provocados por esses remédios já são estudados cientificamente à exaustão.
"Já tratei sete casos de jovens usuários de anabolizantes. Até agora, contamos com a experiência clínica para conectar os distúrbios emocionais desses garotos aos remédios", diz o psiquiatra Jorge Cesar Gomes de Figueiredo, diretor da Clínica Vitória, em SP.
De acordo com ele, um dos seus pacientes tomava altas doses de anabolizantes e perdia em média cinco horas por dia na academia.
"Acho que podemos comparar a dependência de anabolizantes a distúrbios como a anorexia (perda de apetite com causas psíquicas). Essas pessoas não admitem largar os remédios porque acreditam que dependem dele para manter a força física", comentou.
"Eu concordo com este estudo. O uso de anabolizantes é uma questão de saúde pública. Cada vez mais jovens estão ingerindo quantidades absurdas dessas drogas. Eles têm uma dependência psíquica, que os leva a aumentar a dosagem quando percebem que os efeitos físicos não são mais os mesmos", disse o urologista Jorge Hallack, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
Ele conta que recebe em seu consultório, em média, um caso por semana de garotos com atrofia testicular ou esterilidade provocada pelo abuso de esteróides. "Não trato da parte psicológica, mas é fácil diagnosticar a dependência. Já tratei garotos de 15 anos com atrofia testicular", declarou.
Há vozes discordantes. O fisiologista Turíbio Barros, do Centro de Medicina Esportiva da Universidade Federal de São Paulo, associa os efeitos psicológicos dos anabolizantes a surtos psicóticos.
"O anabolizante não age direto no sistema nervoso central, como outras drogas de dependência. A combinação de anabolizantes e exercícios físicos gera um quadro de surto psicótico. Certamente usuários contínuos de anabolizantes precisam de acompanhamento psiquiátrico." Nos EUA, já há várias pesquisas sobre os efeitos psicológicos acarretados pelo uso contínuo de anabolizantes.
Em trabalho recente, o NIDA (National Institute on Drug Abuse) concluiu que o abuso desses medicamentos provoca "comportamento violento, às vezes homicida, ataques de fúria e hostilidade, além de fadiga, perda do apetite, insônia e desejo incontrolável de consumir a droga."
A dependência gerada pelos anabolizantes, segundo Magda, é equivalente ao vício em cocaína ou outra droga similar. "Quando usam anabolizantes, a busca é pelas mesmas sensações: prazer, segurança, poder etc.", comparou.
Nos seis casos pesquisados, as consequências do abuso de "bombas" que levaram os jovens ao tratamento psiquiátrico são as mesmas: irritabilidade, acessos de fúria, crises de euforia ou depressão, transtornos de humor, dificuldade de interromper o uso e recaídas após curtos prazos de abstinência. Magda aponta a dismorfia muscular como um dos principais fatores que leva à compulsão por anabolizantes.


Especialistas alertam sobre risco de abuso
DA REPORTAGEM LOCAL

O abuso do uso de esteróides anabolizantes por fisiculturistas não é novidade. No ano passado, a fisiculturista Lúcia Helena de Jesus Gomes morreu aos 33 anos. Causa da morte: hepatite medicamentosa, lesão irremediável no fígado causada por excesso de anabolizantes.
O maior problema atual, segundo especialistas, é a adesão às drogas nas academias convencionais.
"Muitas vezes, o próprio instrutor é quem chega para o aluno e diz que o seu desenvolvimento chegou ao limite. Aí vem a sedução pelos esteróides", explica o fisiologista Turíbio Barros, do Centro de Medicina Esportiva da USP.
Segundo Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física, não há estatísticas sobre o número de usuários de anabolizantes nas academias convencionais. O conselho tem fiscalizado as academias para reduzir o número de instrutores sem formação em curso superior.
"Com a saída dos professores não-formados, temos percebido a redução do consumo de anabolizantes nas academias." Os esteróides anabolizantes, hormônios sintetizados em laboratório, aumentam a capacidade do corpo de absorver proteína, o que acelera o desenvolvimento da musculatura, além de reter líquido, provocando o inchaço dos músculos. Só que o efeito aparente gera sérios danos à saúde física também. Nos homens, provoca atrofia dos testículos, impotência, esterilidade, obstrução da bexiga e câncer de próstata.
Nas mulheres, causa virilização, engrossamento da voz, hipertrofia do clitóris e redução das mamas. Em ambos os sexos, pode resultar em distúrbios hepáticos, câncer de fígado, entre outros problemas.

Estudante de Manaus teme recaída
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante de direito Tabira Ferreira Neto, 26, de Manaus, enfrentou cerca de dois anos de tratamento psiquiátrico para livrar-se dos anabolizantes. Há um ano sem consumir o remédio, ele diz que ainda sente falta e teme uma recaída. Tabira usou esteróides por quase quatro anos. Durante esse período, ganhou muitos músculos, mas interrompeu a universidade, e, durante surtos de cólera, agrediu a mãe e namorada.
Folha - Como você começou a usar anabolizantes? Tabira Ferreira Neto - Entrei para uma academia de musculação aos 16 anos. Um dia cheguei para um dos professores e disse que todo mundo conseguia resultados melhores do que eu com a malhação. Então ele me contou sobre os anabolizantes. A partir daí comecei a usar. Eu pesava 60 kg e rapidamente ganhei 10 kg.
Folha - Então você foi incentivado a tomar o remédio dentro da academia? Neto - Fui. É assim que acontece dentro das academias.
Folha - Onde você conseguia comprá-lo? Neto - É muito fácil. Os próprios professores e alunos da minha academia vendiam. Principalmente os professores. É um tráfico como outro qualquer. Eles viajam para os EUA e trazem para vender aqui.
Folha - É comum o uso de anabolizantes nas academias? Neto - Antes não era muito comum. Hoje muita gente toma anabolizante. Virou uma coisa normal. Realmente a pessoa tem um resultado rápido, mas são músculos falsos. Você pára de tomar e volta ao normal.
Folha - Você tomou anabolizantes por muito tempo? Neto - Acho que por uns 4 anos. As pessoas fazem ciclos. Tomam por um tempo e param por um tempo.
Folha - Quanto você gastava com anabolizantes por mês? Neto - Mais ou menos uns R$ 300.
Folha - Como você se sentia quando estava usando anabolizantes? Neto - Minha auto-estima ia lá em cima. Ficava eufórico com os resultados da malhação. Mas, com o tempo, fui ficando muito agressivo e irritado com tudo. Cheguei a agredir a minha mãe e minha namorada. Não tinha controle sobre mim.
Folha - E quando parava? Como você se sentia? Neto - Muito deprimido. Meu corpo não reagia sem anabolizantes. Eu não tinha vontade de fazer nada. É igual a cocaína. Pira. Eu tranquei a faculdade por um ano porque não conseguia fazer nada. Só pensava em tomar anabolizante e malhar.
Folha - Por que você procurou ajuda psiquiátrica? Neto - Porque os anabolizantes estavam afetando tudo na minha vida, a minha cabeça. Eu não conseguia parar para ler um livro. Quando não estava deprimido, estava irritado, agressivo.
Folha - Você ainda sente vontade de tomar anabolizantes? Neto - Eu sei que não estou livre disso ainda. Qualquer hora posso ter uma recaída. A vida inteira serei um adicto. Hoje faço de tudo para ficar longe. Mudei de academia, faço acupuntura e outras coisas. São alternativas para não voltar.
Folha - Você sente falta? Neto - Sinto.

Rapaz ficou internado duas vezes
DA REPORTAGEM LOCAL

O carioca L.F.G., 23, morador da Ilha do Governador, bairro de classe média do Rio de Janeiro, deixou há duas semanas a clínica Jorge Jarder, especializada no tratamento de viciados em drogas. Foi a segunda internação em um mês -ambas motivadas pelo consumo de anabolizantes.
Ele afirma que o consumo entre jovens no Rio é muito alto. Diz ainda que os "marombeiros" (gíria para os frequentadores de academias de musculação) injetam a droga também em seus cães, geralmente da raça pit bull, para que fiquem mais fortes e agressivos.
Folha - Qual foi a causa da sua última internação? Em setembro, depois de um período de abstinência, voltei a tomar anabolizantes. Em casa, usava roupas largas para que meus pais não percebessem que o meu corpo estava inchando de novo. Saltei de 82 kg para 88 kg em questão de dias. Na rua, colocava camisetas cavadas e procurava brigas. Eu fumava maconha o tempo inteiro para tentar me conter. Fiquei um mês internado.
Folha - Quando você começou a usar anabolizantes? Há três anos, em 1997. Na época, fui largado por uma namorada, e o cara com quem ela estava saindo começou a me ameaçar. Eu pesava 68 quilos. Então pensei em tomar bomba (anabolizante) para intimidá-lo e também para levantar a minha auto-estima, que estava no chão.
Folha - Você conseguiu o resultado que queria? Consegui. Em um mês, eu estava com 82 kg. Sentia-me bem. As pessoas se intimidavam comigo na rua. Não sentia ainda os efeitos colaterais (irritabilidade ou agressividade). Só um pouco de insônia, sudorese e muita fome.
Folha - O que você tomava e onde conseguia? Eu tomava de tudo exageradamente. Nem seguia os ciclos que a maioria das pessoas seguem. Queria resultados rápidos. Os meus amigos diziam que eu estava pegando pesado. Na academia eu comprava de tudo. Se eu fizer uma lista de cabeça lembro uns dez nomes de gente que vende. São sempre pessoas ligadas a academias, professores ou alunos.
Folha - Quando você começou a sentir que não andava muito bem? Acho que na Copa de 1998. Tudo era desculpa para uma briga. Nem eu nem meu terapeuta sabíamos que o meu descontrole vinha do abuso de anabolizantes. Ele (o terapeuta) achava que era um distúrbio mental. Depois do carnaval do ano passado, tive um ataque de fúria e quebrei a minha casa inteira. Os caras da ambulância chegaram para me levar ao hospital e quebrei o nariz de um deles. Fiquei internado dois meses. Foi aí que começaram a relacionar a minha agressividade aos anabolizantes.
Folha - Você é vaidoso? Na sua opinião, o uso de anabolizantes tem a ver com vaidade? No início era insegurança. Não foi vaidade. Depois virei um narcisista. Olhava-me no espelho o tempo todo. Pedia a minha namorada que medisse o meu bíceps várias vezes por dia. Eu nunca achava que estava bom. Estava um monstro e me achava magro ainda.
Folha - Há um incentivo nas academias para o consumo de anabolizantes? É a mesmíssima coisa de um grupo de drogados. Um incentiva o outro. Posso afirmar que muitos dos meus amigos que usam anabolizantes chegam a aplicar a droga nos pit bulls. O cachorro tem a mesma reação do ser humano: fica agressivo. Por isso, ataca as pessoas na rua.
Folha - No Rio, o consumo de anabolizantes é alto? Muito alto. Estou horrorizado com a quantidade de mulheres tomando anabolizantes. Como não é uma droga que você tem que subir o morro para conseguir, os usuários não se sentem drogados. Hoje eu sei que sou um viciado.
Folha - Como você se sente hoje? Continuo me sentindo irritado. Desde que saí da clínica, não me pesei para não entrar na paranóia de malhar e tomar anabolizantes. Estou tomando remédios para controlar o humor e frequentando o grupo de Narcóticos Anônimos.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Palhaçada é essa corja tomando conta de um esporte tão querido por todos!



São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007
JUCA KFOURI
País de palhaços
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A Copa do Mundo de 2014 no Brasil nem está ainda oficializada e os escândalos já começaram. Que festa!
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ESCÁRNIO . Indecência. Há outras palavras. Vergonha. Imoralidade. Cara de pau. Cinismo. Impunidade.
Escolha!
Pois eis que o mesmo Ricardo Teixeira que tudo faz para impedir uma CPMI sobre lavagem de dinheiro em nosso futebol, embora devesse ser ele o principal interessado na apuração, presidirá a comissão organizadora da Copa de 2014 cujo estatuto a coloca acima do bem e do mal.
E com registro em cartório, como descobriu o excelente Rodrigo Mattos, desta Folha. Embora o governo vá arcar com a maior parte dos gastos, nada de governo na comissão, cujos membros não terão de responder pelo que vierem a fazer.
Parece brincadeira, mas não é.
Está lá, escrito, no estatuto da Associação Brasil 2014, como transcrito na reportagem da última quinta-feira. Mesmo assim, um trem da alegria parte para Zurique para ver a cerimônia de cartas marcadas, na qual a Fifa, sem alternativas, oficializará a candidatura única do Brasil.
Vão do presidente da República a alguns dos governadores dos principais Estados do país, verdadeiro aval ao presidente da CBF, este que "goza de peculiar autonomia", como está no artigo 30 do estatuto. E a tudo assistimos como se fosse normal, corriqueiro.
E não é.
Aliás, tanto não é que o presidente da Fifa já começa a repensar o esquema de rodízio dos continentes, porque se deu conta, quando chegou a vez da América do Sul, que aqui não há concorrência, que o capitalismo deste lado do mundo é dos apaniguados, dos conchavos entre os iguais, sem esquecer que o cartola máximo da Argentina, Julio Grondona, está enrascado em inquérito sobre lavagem de dinheiro no Uruguai.
E Joseph Blatter, por mais que seja quem é, preocupa-se, ao menos, em salvar aparências, algo que não faz parte das preocupações dos cartolas deste lado do mundo.
E Lula, José Serra, Aécio Neves, Sérgio Cabral, todos no mesmo barco, ou melhor, no mesmo vôo!
Até a imprensa golpista, asneira inventada pela imprensa evangélica, cala-se e, em grande parte, apóia a aventura, desinteressada em saber quem é o comandante, até porque o conhece bem...
E você pensa que alguém ficou muito indignado com a reportagem de Mattos?
Bobagem, ficou nada, entrou no rol daquelas coisas que são assim mesmo, que fazem parte, está surpreso com o quê?
Na verdade, nem devia merecer a página de abertura do caderno de esportes deste jornal... É tanta mentira que faz o nariz crescer, que, por isso, não há bolinhas vermelhas suficientes para que cada um de nós possamos desfilar como temos feito por merecer.

Mais palhaçadas
E lá vem o Clube dos 13 com projeto de mudar a fórmula do Campeonato Brasileiro de 2009, para que tenha um octogonal ou um quadrangular final, o que forçará mais rodadas em meio de semana e mais sacrifício para um eventual clube brasileiro que vá ao Mundial. Tudo porque a torcida está feliz.

blogdojuca@uol.com.br

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Será este o tipo de professor que estamos formando?


G1
WWW.G1.COM.BR
O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO

16/10/2007 - 10h09 - Atualizado em 16/10/2007 - 10h27
Acusado de causar acidente de trânsito é solto no DF
Justiça concedeu habeas corpus a Paulo César Timponi.
Ele é acusado de participar do 'racha' que causou a morte de três mulheres.
Do G1, em Brasília, com informações do DFTV entre em contato

O professor de educação física Paulo César Timponi, de 49 anos, saiu da cadeia na noite desta segunda-feira (15), após o Tribunal de Justiça do Distrito Federal lhe conceder um habeas corpus. Timponi é acusado de participar de um “racha” que causou a morte de três mulheres no sábado, dia 6 de outubro, na Ponte JK, que liga a área central de Brasília ao Lago Sul, bairro nobre da cidade.

Segundo a desembargadora Sandra de Santis, a prisão preventiva do professor de educação física era ilegal, já que o Ministério Público não havia apresentado denúncia contra o acusado. Timponi estava preso desde o dia 10 deste mês.

Depois que a desembargadora concedeu o habeas corpus, o promotor de justiça do Ministério Público Maurício Silva Miranda denunciou Timponi pelo crime de homicídio doloso (com intenção de matar) qualificado. Junto à denúncia, o promotor pediu a prisão preventiva de Timponi, que pode retornar para a delegacia nesta terça-feira (16).

“À disposição das autoridades”

Paulo César Timponi saiu da cadeia acompanhado por dois policiais. Ainda no corredor da Delegacia de Polícia Especializada (DPE), encontrou-se com os seus advogados de defesa, que o orientaram a não dar entrevista.

“Desde as primeiras horas em seqüência do acidente, Paulo César Timponi está à disposição das autoridades. E assim permanecerá se o habeas corpus for confirmado pela turma até o final desse processo”, afirmou um dos seus advogados, Cláudio de Alencar.

Andamento das investigações

Exames da perícia confirmaram que, além de bebida alcoólica, havia cocaína e maconha no carro de Paulo César Timponi. Ele já acumulava multas, a maioria por excesso de velocidade.

Testemunhas disseram que uma caminhonete S-10 teria participado de um "racha" com o professor de educação física. Interrogado pela polícia, o motorista Marcelo Costa Sales, 23 anos, negou qualquer participação. Ele foi liberado depois de prestar depoimento à polícia.

Fonte URL: http://g1.globo.com/Noticias/0,,PIO150878-5598,00.html

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Timemania - regulamentação da falcatrua?

Folha de São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

Elio Gaspari

Os ProCartolas é a loteria da decadência

NOSSO GUIA CRIOU a décima loteria federal. É a ProCartolas, atende pelo nome de Timemania e é um exemplo de iniqüidade e decadência. Destina-se a tomar dinheiro do andar de baixo para cobrir delinqüências fiscais da cartolagem dos clubes de futebol. Eles devem à Viúva algo como R$ 1,9 bilhão. Campeão brasileiro, o calote do Flamengo está em R$ 150 milhões.
É iniqüidade porque vai buscar no andar de baixo o dinheiro que desapareceu no de cima. De cada dez apostadores das loterias federais, oito têm renda inferior a três salários mínimos. Neste ano a Caixa Econômica poderá arrecadar R$ 6 bilhões com as loterias, e o governo fica com mais da metade desse ervanário.
A voracidade do Estado em cima dos sonhos da patuléia vem desde o século 3 antes de Cristo, quando a dinastia Han usou o jogo para financiar o final da construção da Grande Muralha. O ProCartolas é um indicador de decadência porque enquanto o imperador dos chins fez a muralha para proteger todo o seu povo, Nosso Guia cevará senhores feudais dos clubes de futebol que não pagaram impostos ou contribuições. Eles receberão 20% do valor arrecadado com as apostas. É a primeira loteria que nasce para beneficiar roleta viciada.
Percebe-se o alcance de decadência política quando se vê que a dinastia Lula já criou uma jogatina (Lotofácil) dizendo que o dinheiro iria para o Fome Zero. Patranha. Foi para as burras do Planalto. Pior: em 2004 anunciou-se outra forma de tavolagem, um sorteio especial da Megasena no fim do ano, com o propósito de ajudar o financiamento do ensino superior. A idéia maturou na gaveta e, na sua nova roupagem, financiará sonegadores.

Indicação do blog Omni Corpus do Tarcisio Mauro Vago

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Brasil se prepara para reforma ortográfica

São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007 - FOLHA DE S. PAULO - COTIDIANO


Brasil se prepara para reforma ortográfica
Novas regras da língua portuguesa devem começar a ser implementadas em 2008; mudanças incluem fim do trema

Ministério da Educação já prepara a próxima licitação dos livros didáticos, que deve ocorrer em dezembro, pedindo a nova ortografia

DANIELA TÓFOLIDA
REPORTAGEM LOCAL

O fim do trema está decretado desde dezembro do ano passado. Os dois pontos que ficam em cima da letra u sobrevivem no corredor da morte à espera de seus algozes. Enquanto isso, continuam fazendo dos desatentos suas vítimas, que se esquecem de colocá-los em palavras como freqüente e lingüiça e, assim, perdem pontos em provas e concursos.O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y (veja quadro). As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa -uma população estimada hoje em 230 milhões- e têm como objetivo aproximar essas culturas.Não há um dia marcado para que as mudanças ocorram -especialistas estimam que seja necessário um período de dois anos para a sociedade se acostumar. Mas a previsão é que a modificação comece em 2008.O Ministério da Educação prepara a próxima licitação dos livros didáticos, que deve ocorrer em dezembro, pedindo a nova ortografia. "Esse edital, para os livros que serão usados em 2009, deve ser fechado com as novas regras", afirma o assessor especial do MEC, Carlos Alberto Xavier.É pela sala de aula que a mudança deve mesmo começar, afirma o embaixador Lauro Moreira, representante brasileiro na CPLP (Comissão de Países de Língua Portuguesa). "Não tenho dúvida de que, quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará. Levará um tempo para que as pessoas se acostumem com a nova grafia, como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos poucos."Tecnicamente, diz Moreira, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia ser vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro.António Ilharco, assessor da CPLP, lembra que é preciso um processo de convergência para que a grafia atual se unifique com a nova. "Não se pode esperar resultados imediatos."A nova ortografia deveria começar, também, nos outros cinco países que falam português (Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste). Mas eles ainda não ratificaram o acordo."O problema é Portugal, que está hesitante. Do jeito que está, o Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia se torna mais simples, mas não cumpre o objetivo inicial de padronizar a língua", diz Moreira."Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido", afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. "Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa", afirma.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Mulheres passam a ter "tripla jornada" neste século, diz IBGE

Dinheiro
17/08/2007 - 10h20

Mulheres passam a ter "tripla jornada" neste século, diz IBGE


Colaboração para a Folha Online, no Rio

O crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho reproduz a "dupla jornada", quando elas dividem a vida profissional com o cuidado de afazeres domésticos. Mas a carga não pára por aí.

Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgados nesta sexta-feira, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2001 e 2005, não somente as crianças dependem das mulheres (no caso mães), mas também grande parte dos idosos, dando origem, no século 21, a chamada "tripla jornada".

De acordo com o levantamento, o cuidado com os idosos se constitui em uma atividade feminina e, à medida que a idade avança, a atenção com eles também aumenta. O IBGE diz que a "tripla jornada" é gerada por mudanças significativas na distribuição do tempo das mulheres com o cuidado pessoal e o lazer, além da absorção das horas com o mercado de trabalho e atenção com a família.

O levantamento diz que a crescente participação feminina no mercado de trabalho não isentou as mulheres nem reduziu a jornada delas com os afazeres domésticos. A carga semanal delas supera a dos homens em quase cinco horas.

O estudo também afirma que há desvantagem em relação às mulheres não apenas com as horas de trabalho, mas também com a dificuldade de conciliar suas atividades profissionais e familiares. A baixa oferta de aparato social como creches, dificulta mais a participação delas em ambientes profissionais.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u320814.shtml

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

NBA: mais uma notícia histórica no mundo da malandragem

15/08/2007 - 13h34
Árbitro confessa envolvimento em apostas em jogos da NBA
Da RedaçãoEm São Paulo
Em um dos maiores escândalos da história da NBA, o ex-árbitro Tim Donaghy confessou nesta quarta-feira, em tribunal, ter culpa em duas acusações sobre envolvimento em apostas, colocando em xeque a integridade dos jogos em que trabalhou.

O treinador dos Cavaliers, Mike Brown, protesta contra Donaghy em jogo de abrilDonaghy, que se desligou da liga no dia 9 de julho depois de uma carreira de 13 anos, pode receber pena de até 25 anos de detenção por conspiração em fraude generalizada e repasse e venda de informações de apostas interestaduais, segundo disse a juíza Carol Bagley Amon. Embora os promotores públicos também tenham declarado que o norte-americano apostou em jogos em que atuou, essa acusação ele não admitiu. Em pé em frente à juíza com as mãos algemadas, o ex-árbitro afirmou que tem consultas freqüentes com um psiquiatra devido ao seu vício em apostas e que está tomando remédios antidepressivos e contra ansiedade. Ele terá de pagar US$ 500 mil de multa e pelo menos US$ 30 mil em restituição. Donaghy contribuiu em uma rede de jogo com recomendações sobre quais times deveriam ser escolhidos pelos apostadores - informou os trios de arbitragens para cada duelo, qual era a relação entre os árbitros e jogadores e a condição médica de alguns atletas. Se ele estivesse correto ao final das partidas, esses apostadores lhe pagavam determinada quantia. Dois cúmplices desta rede estão sob custódia policial e podem enfrentar penas de até 20 anos. Donaghy omitiu o esquema da NBA e de outros árbitros para evitar a prisão. O FBI contatou a NBA no dia 20 de junho para informar sobre o acompanhamento do caso de um árbitro que estaria apostando em jogos. O comissário David Stern afirmou que teria o demitido antes, mas adiou a decisão para não interferir nas investigações. Em coletiva, Stern atacou Donaghy e afirmou que ele se tratava de um "nocivo e isolado criminoso". O árbitro estava entre a elite da liga no ofício. Segundo Stern, não havia suspeita sobre a freqüência de faltas marcadas em partidas que ele trabalhou. "Esta foi o pior e mais sério caso que presenciei como torcedor, advogado ou comissário da NBA", afirmou. O último compromisso de Donaghy na NBA aconteceu durante a série entre Phoenix Suns e San Antonio Spurs, nas semifinais da Conferência Oeste deste ano.

fonte: http://esporte.uol.com.br/basquete/ultimas/2007/08/15/ult4356u743.jhtm

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Estrangeiros... tsc... tsc!

Para que pudéssemos andar de trem livremente na Europa, compramos o Eurailpass. É um bilhete onde você coloca a data e pode andar de trem naquele dia pra onde quiser. Tínhamos comprado o de 15 dias. O aproveitamento tinha que ser ao máximo, claro.

Chegando à Alemanha, tínhamos de ir de Hamburgo para Munique. O problema é que tinha apenas um trem, non-stop, que satisfazia nosso horário. O próximo sairia muito tarde. Outro problema era que o trem não aceitava o maldito bilhete.

Mas como a brazucada se acha mais esperta que o mundo todo, surgiu o seguinte raciocínio, compartilhado por quase 30 cabeças tupiniquins: "Vamos entrar no trem assim mesmo! No foda-se! Como ele é non-stop, não poderão colocar a gente pra fora." E lá foi a brasileirada sem noção trem adentro.

Com o trem já em movimento, chega uma mulher de quase 2 metros de altura pra conferir os bilhetes. O primeiro a ser interpelado fui eu. Logo eu fui o cobaia. A mulher pegou o bilhete, virou-se pra mim e disse aos berros:

"Spraichen Deutch ??"
Eu disse: "No"
"Speak English ?"
Respondi: "Yes"
Ela concluiu: "Get out, right now !!!"

Eu ainda pensei: Caralho, e agora? Será que eu vou ter que me jogar pela janela? Pois a maldita freulein pegou um intercomunicador, resmungou alguma coisa e, acreditem, o trem non-stop parou numa estaçãozinha no cú da Alemanha.

Já ciente da minha expulsão, avisamos os demais brazucas para saírem também pois o bicho ia pegar e ia dar merda.

Cenário montado: Um puta trenzão non-stop parado, uns 500 alemães na janela pra saber o motivo e uns trinta brazucas sendo expulsos. Então uma alma verde-amarela teve a idéia brilhante:

"Aí, galera!! Não vamos levar este mico pra casa, não! Não vai rolar!" E desembarcamnos gritando em coro:

"AR-GEN-TINA! AR-GEN-TINA! AR-GEN-TINA!"

http://www.acidezmental.com/200707.html

Charges 1

Vou postar uma série de charges significativas e questionadoras. É a globalização da desgraça!











quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Folha de S. Paulo 29-07-2007

São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007


JUCA KFOURI

Um balanço realista do Pan


Passada a festa, que foi bela, é hora de investigar como se gastou tanto e que saldo ficou para o país


SEM NENHUM recorde mundial, o Pan-2007 acaba hoje. Desde 1987, aliás, em Indianápolis, que os Jogos Pan-Americanos não vêem cair uma marca significativa internacionalmente.
Nem por isso, no entanto, o progresso brasileiro no quadro de medalhas deve ser minimizado.
Apenas relativizado, para que não caiamos todos no ufanismo boçal e para que não haja frustração diante dos resultados nos Jogos Olímpicos de Pequim, no ano que vem.
O Pan, que começou com vaias ao presidente da República e terminará sem ele no Maracanã, teve seu ponto mais festivo, por ironia, com o futebol.
E com o futebol... feminino, o rejeitado, e delicioso, futebol feminino brasileiro.
Quando esta coluna estava sendo escrita, o Brasil tinha 40 medalhas de ouro e 125 no total.
Nunca este país colheu tantas, diria o presidente.
Pura verdade.
É assim, em regra, com os anfitriões, como Cuba, que fez 140 ouros em 1991 e superou os EUA.
O que, também, não obscurece que o progresso brasileiro tem sido lento e gradual de 1999, em Winnipeg, para cá.
Turbinado pela Lei Piva, e agora com o aditivo da Lei de Incentivo ao Esporte, tal progresso deve continuar, mesmo que isso não venha a significar, infelizmente, que a população brasileira passará a ter mais acesso à prática esportiva, seja como lazer, seja como educação, seja como saúde, aspecto talvez mais importante num país tão miseravelmente doente.
Porque, por falar em educação, o Brasil não passou de ano neste quesito, menos pelas vaias ao presidente, mais pelas covarde e vergonhosamente destinadas aos que competiam contra os patrícios na ginástica e no atletismo, verdadeiras manchas que certamente serão levadas em conta pelos observadores que, adiante, tratarão de avaliar a candidatura do Rio aos Jogos Olímpicos de 2016.
Nem por isso o Pan-2007 deixou de ser uma alegria, principalmente para quem pode vivê-lo de perto, experiência inesquecível como bem sabem os que testemunharam o Pan-63, em São Paulo.
Agora, no entanto, é que deve começar o outro lado do Pan.
Com a CPI na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e, provavelmente, na Câmara Federal.
E com as imprescindíveis ações do Ministério Público Federal que tem de verificar, por exemplo, se faz sentido financiar as passagens de todas as delegações com dinheiro público, como foi feito. Algo que, registre-se, nem os EUA, que tinham a cidade de San Antonio como concorrente ao Pan-2007, toparam fazer.
Afinal, não basta investigar se o dinheiro foi gasto ou não, mas, sim, se foi bem gasto ou não. No caso, parece um acinte, ainda mais por envolver passagens de avião...
Porque também nunca jamais uma medalha custou tão caro neste país que não sabe, entre outras coisas, que destino terão os equipamentos que foram construídos para a festa continental.
O Pan está por acabar.
E foi bonita a festa, pá!
Há que começar o pan, pan, pan, pan..., pão, pão, queijo, queijo.

blogdojuca@uol.com.br

Folha de S. Paulo 29-07-2007

São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007


MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DA ILUSTRADA

A sordidez do Pan

Não nos mobilizamos para resolver alguns problemas, mas temos bilhões para queimar num evento de terceira

EU TAMBÉM me diverti com o Pan e achei muito bonitas as instalações olímpicas construídas para os Jogos. O encanto e as emoções do esporte são contagiantes. E certamente algum efeito positivo para a prática esportiva -e a auto-estima do Rio- o evento terá tido.
Nada disso, porém, consegue apagar de minha mente o aspecto sórdido do Pan, que não é mais do que um reflexo do lado sombrio de nossa sociedade ou, como prefeririam alguns, de nossas elites.
Começando pelo começo: está claro que a opinião pública foi enganada pelo Comitê Olímpico Brasileiro, pela Prefeitura do Rio e pelo governo federal com um orçamento mentiroso.
Poderia dizer que foi um orçamento "equivocado", mas obviamente não é isso: a distância entre os cerca de R$ 400 milhões da previsão inicial e os mais de R$ 3 bilhões efetivamente gastos é tão grande que não pode ser erro de estimativa. Reportagem de Sérgio Rangel publicada pela Folha mostrou que para cada R$ 1 estimado foram efetivamente gastos R$ 8.
Atenção: estamos falando de dinheiro público, não de investimentos privados. E estamos falando de dinheiro público num país e numa cidade cujas carências e urgências são gritantes. Está na cara que os projetos foram bombados não apenas para as "bicadas" de praxe (e fico imaginando quanta gente bicou em toda essa cadeia!), mas como fruto de uma estratégia: tentar fazer uma Olimpíada no Rio.
Ou seja, a grande aposta que os espertos estão fazendo para a cidade é transformá-la em palco olímpico, supondo que, com isso, investimentos em infra-estrutura, urbanização e combate à miséria acontecerão. Teremos uma nova Barcelona...
É uma aposta irresponsável, que transforma a população em refém de um plano que tem enormes chances de ser extremamente dispendioso e dar errado, mesmo se aprovado pelo Comitê Olímpico Internacional.
Em artigo no "Globo", Ali Kamel comparava os custos das obras que se anunciam para a Rocinha com os do Engenhão, elefante branco modernoso cercado de favelados. No primeiro caso, o poder público pretende gastar R$ 80 milhões. No segundo, torrou R$ 380 milhões!
A sordidez é essa, amigos do esporte. Não conseguimos nos mobilizar para resolver o problema vergonhoso das favelas, mas rapidamente arrumamos bilhões para queimar num evento de terceira linha que em breve estará esquecido e cujos desdobramentos são totalmente incertos. É isso aí: "Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor".

Obesidade



São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007


Obesidade contagiosa

UM NOVO estudo, publicado no periódico americano "New England Journal of Medicine" e noticiado com destaque na imprensa mundial, sugere que a obesidade é uma doença transmissível.
Durante 32 anos, entre 1971 e 2003, 12.067 pessoas foram acompanhadas de perto por médicos, que também possuíam um mapa detalhado das relações entre os pacientes (quem era amigo de quem, além de vínculos familiares, de vizinhança etc.).
Não foi sem surpresa que os investigadores descobriram que a chance de uma pessoa engordar sobe bastante (57%) quando um amigo se torna obeso. É um risco superior ao de quando quem engorda é familiar ou vizinho.
Explicações para o fenômeno ainda são especulativas. Imagina-se que, quando um amigo engorda, mudamos a imagem mental que fazemos da obesidade.
Se confirmados, os resultados dessa pesquisa acrescentarão a transmissibilidade a uma moléstia cada vez mais preocupante em termos epidemiológicos.
Para quem já foi obeso, manter-se magro exige controle diuturno. Em alguma fase da vida, a vigilância cai e o peso extra reaparece. Em geral, a recorrência vem em menos de um ano.
A melhor explicação para a epidemia é de ordem evolutiva. Moldado pelas adversidades, o organismo desenvolveu e conservou genes capazes de armazenar energia na forma de gordura. As condições de vida mudaram, mas o organismo não. Ele está programado para armazenar o máximo possível -num contexto de aumento na oferta de calorias e num ritmo de vida em que as gastamos cada vez menos.
Como é difícil mudar ambiente e genética, o caminho da saúde pública para lidar com a obesidade continua sendo a ação educativa, que estimule a atividade física e a alimentação saudável.

Historietas

São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007


CONTARDO CALLIGARIS

As nossas histórias e "A História"

"A História" é abstração: as nossas pequenas histórias concretas são seu verdadeiro tecido

ASSISTI A "Bobby", de Emilio Estevez, que acaba de estrear. O filme conta o dia da morte de Robert F. Kennedy a partir das pequenas histórias de quem, por uma razão ou outra, estava, naquelas horas, no Hotel Ambassador de Los Angeles (que foi o lugar do atentado). É uma ocasião imperdível e tocante para pensar um pouco sobre a relação entre "A História" e nossas pequenas histórias.
Por exemplo, o assassinato de John F. Kennedy, em novembro de 1963, em Dallas, Texas, foi numa sexta-feira, por volta do meio-dia.
Sei disso porque lembro que eu estava em Milão, na casa dos meus pais, e ia sair com meu melhor amigo; a notícia chegou na hora do jantar.
Logo, o grupinho político ao qual eu e meu amigo pertencíamos (o Círculo Piero Gobetti) convocou uma reunião de urgência (no retrospecto, a urgência parece engraçada).
Redigimos uma declaração "oficial", de cujo teor eu me esqueci totalmente, mas que foi impressa em cartaz no dia seguinte. Passei a noite de sábado com meu amigo, colando cartazes pelas ruas, no frio. Como o cartaz não era autorizado, fomos presos, na madrugada. É a melhor lembrança que tenho de meu amigo do peito daqueles dias.
Eu também me lembro do exato momento em que aprendi que Martin Luther King tinha sido assassinado, em Memphis, Tennessee, no começo de abril de 1968: estava sendo apresentado a meus sogros, em Houston, Texas.
Do dia do assassinato de Robert Kennedy, em junho de 1968, não me lembro. Provavelmente não está ligado a nenhum pequeno evento de minha própria história.
Estava em Paris no dia da greve geral de 22 de maio de 1968. Mas saí da cidade, de carro e com dificuldade (era difícil encontrar gasolina), antes da manifestação favorável a De Gaulle, que foi em 30 de maio. Sei disso porque sei onde estava e com quem quando me disseram que a manifestação do dia 30 tinha acontecido, promovida (fato doloroso) por um dos meus ídolos literários, André Malraux.
Depois disso, nada até o fim de agosto de 1968: no dia em que os tanques soviéticos entraram em Praga, estava no barzinho do porto de Panarea, na Sicília, onde, naquele ano, eu passava minhas férias de verão (que eram também uma espécie de lua-de-mel).
Alguns grandes eventos da "História" me permitem datar minhas pequenas histórias. Reciprocamente, há datas de grandes eventos das quais me lembro porque estão ligadas a momentos cruciais de minha pequena história.
Tudo bem, eu uso meu teatro íntimo para me lembrar das datas dos grandes eventos e, reciprocamente, sirvo-me dos grandes eventos para me lembrar de algumas datas de minha vida. Mas qual é a diferença e qual a relação entre minhas histórias e "A História"?
Poderíamos dizer assim: os eventos da "História" são aqueles que interferem na vida de muitos, enquanto nossas histórias só concernem a nós e a um número restrito de próximos.
Agora, por mais que sonhemos, às vezes, com o progresso da razão, o fim da luta de classe ou a marcha providencial para o juízo final, "A História" não tem dinâmica própria.
Ela é só a resultante das infinitas pequenas histórias da gente. Sirhan Sirhan, o assassino de Robert Kennedy, disse, na época, que ele se sentia compelido a agir pela "História": Robert Kennedy tinha apoiado Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e o assassinato aconteceu no aniversário do começo da guerra. Por outro lado, Sirhan era um sujeito desequilibrado e influenciável. Sem os percalços de sua pequena história pessoal, ele nunca teria cometido o ato que o propulsou para o palco da "História".
Além disso, "A História" não tem interesse intrínseco. Ela só vale porque, de uma maneira ou de outra, ela mexe com nossas pequenas histórias. "A História" pode dizer, por exemplo, que, se Robert Kennedy não tivesse sido assassinado, Nixon não teria sido eleito e a guerra do Vietnã teria terminado mais cedo.
É provável. Mas dizer que "a guerra do Vietnã teria terminado mais cedo" é uma abstração. O que importa é que Joe, Jack, Ho, Nguyen etc. teriam ficado em casa, teriam amado, criado seus filhos e por aí vai -é isso o que importa.
Quando contamos "A História", esquecemos que ela não é nada se não uma abstração de histórias concretas. E, quando pensamos nas pequenas histórias, inclusive nas nossas, esquecemos que elas são o verdadeiro e único tecido da "História".


ccalligari@uol.com.br

Folha de S. Paulo 02-08-2007

São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007


BALANÇA, MAS NÃO CAI

Hitler usurpou fama histórica de Olímpia

Uma das sete maravilhas antigas, estátua do deus ficava na cidade "redescoberta" pelo ditador alemão

DO ENVIADO ESPECIAL

Não fossem o museu e o sítio arqueológico, Olímpia não seria grande coisa. Se muito uma carismática cidadezinha do sul da França, pelo estilo da sua desacelerada rua principal.
Mas há o museu e o sítio arqueológico. Além de livros que, à venda na entrada desses lugares, fazem com que muitos turistas descubram o que se passou por ali e babem nas ruínas.
O local não abrigou apenas a primeira Olimpíada, em 776 a.C. Foram mais de cem olimpíadas, até 393 d.C., quando o imperador bizantino Teodósio 1º proibiu festas idólatras, e os jogos foram abolidos. Em 426, dando seqüência à antipatia familiar com Olímpia, Teodósio 2º queimou o templo de Zeus.
Nesse mesmo século, terremotos destruíram ainda mais o santuário, que entrou em um limbo histórico. No século 18, houve escavações amadoras sem resultado. No 19, profissionais fizeram investigações sistemáticas e tropeçaram em algumas coisas, mas o passado só voltou mesmo à tona em meados do século seguinte -com Hitler, porque o ditador queria algo grandiloqüente para as Olimpíadas de Berlim de 1936 e, por isso, escavou e "reativou" Olímpia, para que a tocha saísse de lá até a capital alemã.
As escavações seguem até hoje, e anexo ao sítio arqueológico há um museu com as peças ali encontradas, de quase dois milênios antes de Cristo até o período da dominação romana.
Uma seção abriga apenas os artigos que, para contrariedade de Teodósio 2º na tumba, foram resgatados do templo de Zeus -como a estátua de Nike, a deusa da vitória.

Antes do Cristo
Mais de dois milênios antes de as novas sete maravilhas serem eleitas por internet e celular, entre 150 a.C. e 120 a.C. filósofos gregos fizeram a lista antiga, que inclui a estátua de Zeus. Toda de ouro, marfim e outros materiais preciosos, ficava, é claro, no templo de Zeus. Pedaços de colunas do templo permanecem lá.
A estátua foi construída pelo escultor Fídias (nascido em Atenas em 490 a.C. e morto em Olímpia em 430 a.C.), com a ajuda do pintor Panainos e do também escultor Kolotes.
Fídias tinha um currículo respeitável. Se fosse resumi-lo hoje, em uma página de computador, bastaria escrever "esculturas no Partenon, na Acrópole, e estátua de Zeus".
A estátua foi posta no templo após 438 a.C. Zeus estava sentado em um trono, e a obra, somado o pedestal, media 12,4 metros -tão grande, para o templo de 20 metros de altura, que Estrabón, historiador grego, disse que se o deus resolvesse se levantar passaria do teto.
O trono era feito de cobre, ouro, ébano, marfim e pedras preciosas e decorado com representações pintadas e em baixo-relevo de temas da mitologia. As partes descobertas de Zeus (pés, barriga e cabeça) eram de marfim, e cabelos, barba, sandálias e túnica, de ouro.
"Diz-se que a perfeição da estátua era de tal envergadura que, quando o artista pediu a aprovação do deus, este a mostrou lançando um relâmpago sobre o templo sem destruir nada", narra o livro "Olímpia e Jogos Olímpicos", à venda em Olímpia por 15 (R$ 40) -em inglês, espanhol ou grego.
A estátua ficou no templo até 395 d.C. Saiu de lá, portanto, antes que o local fosse destruído. Mas, em Istambul, queimou em um incêndio em 475. Teodósio 2º, morto 25 anos antes, não teve o prazer de comemorar a ocasião. (TM)