sexta-feira, 30 de maio de 2008

Como progredir socialmente sem leitores críticos da realidade?


JC e-mail 3521, de 29 de Maio de 2008.

45% dos brasileiros dizem que não gostam de ler

Leitura foi 5ª opção citada (35%) sobre o que fazer no tempo livre; 77% opta pela TV. Sul é região onde mais se lê (média de 5,5 livros por pessoa), à frente do Sudeste (4,9), Centro-Oeste (4,5), Nordeste (4,2) e Norte (3,9)

Lucas Ferraz escreve para a “Folha de SP”:

No país de escritores como João Guimarães Rosa, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, 45% dos entrevistados na pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil" disseram não gostar de ler. O percentual, aplicado à população brasileira, corresponde a mais de 77 milhões de pessoas.

Segundo o balanço, realizado pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), a pedido do Instituto Pró-Livro, e divulgado ontem (28/5), o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano, e compra ainda menos, média de 1,2 exemplar a cada 12 meses. Quando indagada sobre o que prefere fazer em seu tempo livre, a maioria da população opta pela televisão (77%) -a leitura foi a quinta opção citada pelos entrevistados, com 35%, atrás de hábitos como ouvir música e rádio e descansar.

Em um país que tem 18% de analfabetos, segundo dados de 2006 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi considerado como leitor quem leu pelo menos um livro durante os três meses anteriores à pesquisa, feita entre novembro e dezembro de 2007, equivalente a 55% dos entrevistados.

Entre os leitores que dedicam seu tempo livre para ler, 27% deles lêem revistas (leitura semanal) e 20%, jornais (leitura diária). Os livros são preferidos para leituras mensais -como afirmaram 14% dos entrevistados.

Por região

O Sul é a região onde mais se lê (média de 5,5 livros por pessoa), à frente do Sudeste (4,9 livros), Centro-Oeste (4,5 livros), Nordeste (4,2 livros) e Norte (3,9 livros). Em 2001, na primeira edição da pesquisa, a média de leitura da população era de 1,8 livro por ano, mas as metodologias utilizadas são diferentes.

Enquanto aquela ouviu pessoas com idade superior a 15 anos, a pesquisa divulgada ontem entrevistou crianças a partir dos cinco anos e analfabetos funcionais, em todos os Estados e no Distrito Federal. A margem de erro da pesquisa é de 1,4 ponto percentual.

Na opinião do escritor Luis Fernando Verissimo, o preço do livro é uma barreira contra novos leitores. "A maioria está mais preocupada em sobreviver, não tem como comprar livro", disse o escritor -o último da lista de 25 nomes mais admirados ("estou na zona de rebaixamento", brincou).

Galeno Amorim, coordenador da pesquisa, negou que o preço seja um "complicador" -o estudo contou com o apoio do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) e da CBL (Câmara Brasileira do Livro).


Hábito

As professoras aposentadas Manoelina de Barros, 75, e Maria Helena Tosoni, 68, gostam de se encontrar em livrarias para comprar livros. Elas afirmam que só têm essa disponibilidade porque são aposentadas, e lamentam que a maioria dos professores leia pouco. Sobre o motivo, Tosoni é categórica: "Se o salário fosse maior, leríamos mais".

A metroviária Telma Piccirillo, 45, diz que nunca obrigou seus filhos Victor, 10, e Taynã, 15, a ler, mas sempre cultivou o hábito: "Quando não sabiam ler, eu lia para eles". Ela acredita que lê mais que seus colegas: "Eles são meio preguiçosos".
(Folha de SP, 29/5)

5 comentários:

Anônimo disse...

A leitura não deixa de ser um hábito que deveria ser iniciado desde a infância embora muitos pais e educadores não possuem consciência disso. O preço do livro é um entrave para uma maior leitura pelos brasileiros mas a falta de costume de ler e o processo de alienação contribuem para tal fato. Uma vez que nas horas de não-trabalho o brasileiro faz uso principalmente dos programas televisos para se divertir. Nesse sentido, introduzir a leitura às crianças é fundamental para a produção de leitores assíduos providos de senso crítico fundamental a um país carente desse tipo de formação como o nosso.

Unknown disse...

A discriminação realmente é um crime que sempre esteve presente em nosso mundo. Existem inúmeros relatos de discriminação em diferentes âmbitos da sociedade, onde na maioria das vezes esta diretamente envolvida com questões de poder, a luta traçada entre dominados e dominantes, pelo qual a dominação é exercida tendo por base preceitos estabelecidos através de uma relação de poder.

Anônimo disse...

Para que ler se temos a televisão que lê por nós? Se temos o computador que imagina e cria formas para nós? Se temos o rádio que nos dá letras traduzidas apenas para ouvirmos? Ler não é uma questão só econômica, mas sim uma questão de hábito. É fácil encontrar pessoas que afirmem que tem vontade de ler livros, mas que estes são extensos e SEM FIGURAS (ISSO É SÉRIO). Querem facilidade porque desde pequenos aprendem que tempo é dinheiro (posso estar forçando a barra, mas..), ao invés de lerem bons livros e usarem de sua imaginação para criarem, preferem a televisão, pois a fala é mais rápida que a leitura, não é? Apesar de tudo acredito que não seja culpa somente do indivíduo, mas também da sociedade que não nos proporcionam o tempo necessário para efetuar uma boa leitura. Bem a maioria das pessoas leêm a noite porque não conseguem dormir,seria essa a contribuição da sociedade para efetuarmos mais leitura? Provocações a parte o problema não é tão superficial e tem raízes na própria formação ou pseudoformação? Isso é complexo, como vamos esperar que os indíduos desde a infância adquira o hábito de ler, se sua formação não foi suficiente? Ou então se seus pais não tem esse hábito? É difícil opinar porque não compreendo esse mecanismo desde sua origem, para mim é muito complexo e há conceitos que eu preciso entender melhor, mas é isso aí gente..

Guilherme Umemura disse...

EU acho que este título, provém uma discussão muito mais do que o debatido.

"Como progredir socialmente sem leitores críticos da realidade?"

Será que essa atribuição aos leitores pode ser relacionada apenas com o hábito da leitura?

O desenvolvimento do texto enfatiza isto mas, ao apronfundarmos um pouco sobre o título, será realmente necessário esta "leitura exautiva" para a progressão da sociedade?
É engraçado em falar de progressão da sociedade quando ela está baseada em uma grande eliminatória em que voce precisa sobrepor aos demais para ter algum retorno para si.
Um exemplo disso são as tribos indígenas , sistematicamente( posso estar enganado) elas não tem o costume de leituras, porém será que podemos considerá-las defasadas em relação a vida social?
DAS leituras, a mais importante é a leitura mundana, aquela que voce consegue distinguir os problemas e propor soluções para o bem comum, e não esta mecanizada que se esta utilizando neste momento para a leitura deste comentário.

Outra coisa, a maioria de nós não gostamos de ler(, só lemos devido a uma repressão que nos fez entender que a leitura é um artefato que otimiza o conhecimento a "sabedoria" , e se não fizermos tal ação, estaríamos recaindo sobre nós mesmos, se dando por vencidos nessa guerra cotidiana social que nos aflige.

só uma frase no ar:

" Leitura, por muitos é considerado status, pois nem todos tem a disponibilidade de tempo de ler"

Unknown disse...

O hábito de ler ultimamente está em segundo plano, muitos dão a desculpa de que não tem tempo ou que os livros estão muito caros (que não deixa de ser verdade), mas isso não é uma desculpa, pois ainda existem as bibliotecas... A população destá cada vez mais desinteressada e dessmotivada em ler um livro. Será que isso se deve a tecnologia? Ou será a falta de estimulo? Com o avanço tecnológico, principalmente as crianças, estão lendo cada vez menos. Os pais devem estimular seus filhos desde pequenos, pois com a leitura a criança desenvolverá a criatividade, imaginação e principalmente o senso crítico.